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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

MST faz marcha de 30 km pela Reforma Agrária no Rio Grande do Norte

25 de agosto de 2011

Por Hildebrando Silva de Andrade
Da Página do MST

Cerca de 600 camponeses de diversos acampamentos e assentamentos do MST do Rio Grande do Norte fizeram uma marcha no centro de Natal, que terminou na sede do governo estadual, nesta quarta-feira (24/8).
A marcha, que saiu do município de Macaíba na sexta-feira, percorrendo 30 km até Natal, cobrou a realização da Reforma Agrária.
As famílias estão decididas a ficar mobilizadas até que as demandas apresentadas ao poder público sejam resolvidas.
A pauta tem itens como a desapropriação de terras, construção de infraestrutura nos assentamentos, políticas para as mulheres e assistência técnica. O Movimento exige a construção de escolas nos assentamentos.
Os Sem Terra cobram também do governo estadual segurança nos acampamentos, que vêm sofrendo com a violência de fazendeiros e policias.
As negociações estão previstas para começar nesta quinta-feira, com a presença da governadora Rosalba Ciarline (DEM). Será realizada também uma audiência no Incra.
 
  De:   http://www.mst.org.br/node/

domingo, 24 de julho de 2011

Ministro manda rever projeto na chapada do Apodi no Rio Grande do Norte

O debate na Região do Apodi/RN acerca dos males trazido pelo auto investimentos no agronegócio tem se dado até então de forma bastante silenciosa tendo em vista a importância desse debate. Segue texto do MST nacional a respeito da questão!!

22 de julho de 2011


Os pequenos agricultores da Chapada do Apodi conseguiram uma vitória no Ministério da Integração Nacional na luta contra o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), sobre como aproveitar a água da Barragem de Santa Cruz, em Apodi. O Dnocs propõe transpor as águas para uma região da chapada e os agricultores defendem que a água da barragem seja usada para fomentar a agricultura familiar.
A reunião foi realizada no gabinete do ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional, na terça-feira (19), com a presença da governadora Rosalba Ciarlini, do senador/ministro Garibaldi Alves, da deputada federal Fátima Bezerra, deputado estadual Fernando Mineiro, e uma comitiva de agricultores do município de Apodi e também da região do Vale do Jaguaribe. Também participou da audiência o presidente do Dnocs, o ex-deputado federal Elias Fernandes.
Os primeiros debates foram vencidos pelos grandes produtores que fortalecem a ideia da agroindústria em território do Rio Grande do Norte e do Ceará. O Dnocs já estava trabalhando (realizando audiências públicas) para desapropriar uma área de 14 mil hectares na chapada do Apodi e investir um valor aproximado a R$ 280 milhões na instalação de um sistema adutor e a instalação da estrutura de alvenaria na região da Chapada do Apodi para assentar 351 agricultores.
Entretanto, o projeto de criação do Distrito Irrigado da Chapada do Apodi não recebeu o aval dos produtores da região. Alegam vários motivos. O primeiro foi exposto pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Edilson Neto. "O Dnocs está querendo fazer o inverno da reforma agrária. É que esta área que está para ser desapropriada pertence a centenas de pequenos produtores rurais e depois seria para grandes produtores", explica Edilson Neto.
O segundo problema foi exposto pela engenheira florestal, mestre em Meio Ambiente e doutora em Agricultura Tropical, Verlândia Morais. Segundo ela, esse tipo de distrito irrigado proposto pelo Dnocs para a Chapada do Apodi tem vários fracassados pelo Nordeste. Exemplos não faltam. Verlândia observa o alto custo de manutenção do sistema adutor (energia) e também da estrutura de distribuição de água dentro do distrito irrigado.
De forma mais incisiva, a doutora Raquel Rigotto, professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, declarou que a grande quantidade de agrotóxico usada pelo agronegócio está causando uma série de doenças crônicas na população rural, alem de prejuízos evidentes à economia das famílias. Assim como os demais, Rigotto orienta a necessidade de mais investimentos na agricultura familiar.
Segundo Procópio Lucena, coordenador da Articulação do Semi Árido (ASA), o caminho correto para aproveitar o potencial hídrico da barragem de Santa Cruz, assim também como da Barragem de Umari, é investir na agricultura familiar. No caso de Apodi, o melhor é fazer o sistema adutor para irrigar a região de várzea nos períodos de estiagem por gravidade. Ao menos é isto que os pequenos produtores querem e estão dispostos a ir às ruas por isto.
Todas as questões foram expostas ao ministro Fernando Bezerra ontem pelos representantes legais dos trabalhadores da região de Apodi e também do Vale do Jaguaribe. O presidente do Dnocs, Elias Fernandes, assistiu a tudo. Em alguns momentos ainda tentou sustentar a sua tese de que o melhor é investir no agronegócio na Chapada do Apodi, mas seus argumentos apresentaram-se fracos diante da quantidade e a qualidade técnica versado no sentido contrário.

http://www.mst.org.br/node/12181

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Fechamento de 24 mil escolas do campo é retrocesso", afirma dirigente do MST

28 de junho de 2011

Criança na Escola Oziel Pereira e Roça Gouveia, no 
assentamento 17 de abril, em Eldorado dos Carajás, no Pará

Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST

Mais de 24 mil escolas no campo brasileiro foram fechadas no meio rural desde 2002. O fechamento dessas escolas demonstra o drástico problema na vida educacional no Brasil, especialmente no meio rural.
Após décadas de lutas por conquistas no âmbito educacional, cujas reivindicações foram atendidas em parte - o que permitiu a consolidação da pauta – o fechamento das escolas vão no sentido contrário do que parecia cristalizado.
Nesse quadro, o MST lançou a Campanha Nacional contra o Fechamento de Escolas do Campo, que pretende fazer o debate sobre a educação do campo com o conjunto da sociedade, articular diversos setores contra esses retrocessos e denunciar a continuidade dessa política.
“O fechamento das escolas no campo nos remete a olhar com profundidade que o que está em jogo é algo maior, relacionado às disputas de projetos de campo. Os governos têm demonstrado cada vez mais a clara opção pela agricultura de negócio – o agronegócio – que tem em sua lógica de funcionamento pensar num campo sem gente e, por conseguinte, um campo sem cultura e sem escola”, afirma Erivan Hilário, do Setor de Educação do MST.
De acordo com o Censo Escolar do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da Educação, existiam 107.432 escolas em 2002. Em 2009, o número de estabelecimentos de ensino reduziu para 83.036, significando o fechamento 24.396 estabelecimentos de ensino, sendo 22.179 escolas municipais.
Essas escolas foram fechadas por estados e municípios, mas o Ministério da Educação também tem responsabilidade. "Não se tem, por exemplo, critérios claros que determine o fechamento de escolas, que explicitem os motivos pelos quais se fecham, ou em que medida se pode ou não fechar uma escola no campo", aponta Erivan.
Ele apresenta um panorama do atual momento pelo qual passa a educação do campo, apontando desafios, lutas e propostas. Abaixo, leia a entrevista.
Como se encontra a educação no campo brasileiro, de um modo geral?
Vive momentos bastantes contraditórios. Se por um lado, na última década, avançou do ponto de vista de algumas conquistas e iniciativas significativas no campo educacional, como no caso da legislação e das políticas públicas – a exemplo das diretrizes operacionais para educação básica nas escolas do campo, aprovada em 2002, e tantas outras resoluções do conselho nacional, como o custo aluno diferenciado para o campo e as licenciaturas em Educação do Campo - por outro percebemos que os fechamentos das escolas no campo caminham na contramão desses avanços, conforme demonstram vários dados das próprias instituições do governo.
Desde 2002 até 2009, foram fechadas mais de 24 mil escolas no campo. Com isso, voltamos ao início da construção do que hoje chamamos de Educação do Campo, que foi a luta dos movimentos sociais organizados no campo, mais particularmente, o MST, contra a política neoliberal de fechamento das escolas.
A que se deve o fechamento das escolas no campo?
O fechamento das escolas no campo nos remete a olhar com profundidade que o que está em jogo é algo maior, relacionado às disputas de projetos de campo. Os governos têm demonstrado cada vez mais a clara opção pela agricultura de negócio – o agronegócio – que tem em sua lógica de funcionamento pensar num campo sem gente e, por conseguinte, um campo sem cultura e sem escola.
Nesse sentido, os camponeses e os pequenos agricultores têm resistido contra esse modelo que concentra cada vez mais terras e riqueza, com base na produção que tem como finalidade o lucro. Nessa lógica, os camponeses são considerados como “atraso”. Por isso, lutar contra o fechamento das escolas tem se constituído como expressão de luta dos camponeses, de comunidades contra a lógica desse modelo capitalista neoliberal para o campo.
Quais os objetivos da Campanha Nacional contra os Fechamentos das Escolas do Campo?
O primeiro grande objetivo é fazermos um amplo debate com a sociedade, tendo em vista a educação como um direito elementar, consolidado, na perspectiva de que todos possam ter acesso. O que precisamos fazer é justamente frear esse movimento que tem acontecido, do fechamento das escolas do campo, sobretudo no âmbito dos municípios e dos estados.
Pensar isso significa garantir esse direito tão consolidado no imaginário social, como uma conquista social à educação, garantir que as crianças e os jovens possam se apropriar do conhecimento historicamente acumulado pela humanidade, que esse conhecimento esteja vinculado com sua prática social e que, sobretudo, esse conhecimento seja um mecanismo de transformação da vida, de transformação para que ela seja cada vez mais plena, cada vez mais solidária e humana.
Colado a isso, temos que fazer esse debate da educação como um direito básico, e que nós não podemos - do ponto de vista da sociedade - dar passos para trás nesse sentido, ao negar esse direito historicamente consolidado.
A educação do campo nasce como uma crítica a situação da educação brasileira no campo. E essa situação na época revelava justamente o fechamento das escolas no campo e o deslocamento das crianças, de jovens e de adultos do campo para a cidade.
Qual o significado do fechamento dessas escolas?
Passado mais de 12 anos do que chamamos de educação do campo, dentro dessa articulação que foi surgindo pela garantia de direitos, de crítica à situação do campo brasileiro, vemos esse movimento na contramão, mesmo já tendo conquistado várias políticas públicas no âmbito educacional. É preciso que não percamos de vista essa luta pela educação no campo. Essa luta passa, essencialmente, pela defesa de melhores condições de trabalho, das condições das estruturas físicas das escolas e pela conquista de mais escolas para atender a grande demanda do campo brasileiro.

A região Nordeste representou mais da metade do total de estabelecimentos fechado nos últimos anos. Por quê?
No Nordeste é onde ainda está concentrada a maior parte da população no campo. Por isso, é maior o impacto nessa região. A exemplo, a maioria das famílias em projetos de assentamentos de Reforma Agrária estão no Nordeste. É onde se fecha mais escola e continua sendo uma região que apresenta baixos níveis de escolaridade da população no quadro geral brasileiro.
A educação é um direito básico que está consolidado no imaginário popular como conquista dos movimentos sociais, da população brasileira, mas tem sido negado. Isso configura um retrocesso histórico em meio aos avanços tidos no âmbito educacional, a exemplo das resoluções do Conselho Nacional de Educação, que assegura que os anos iniciais do ensino fundamental sejam ofertados nas comunidades.
No caso dos anos finais, caso as crianças e jovens tenham que se deslocar, que consigam ir para outras comunidades no próprio campo - o que chamam de intra-campo -, mas somente após uma ampla consulta e debate com os movimentos sociais e as comunidades.
Como trabalhar essa questão nacionalmente tendo em vista que a maioria das escolas que foram fechadas é de responsabilidade dos municípios?
Os dados de fato apontam que são os estados e os municípios que tem fechado. Não poderia ser diferente, já que são estes entes federados que ofertam de maneira geral a educação básica nesse país, cada qual assumindo suas responsabilidades.
Em geral, os municípios têm assumido a educação infantil e o ensino fundamental, e tem ficado cada vez mais para os estados a responsabilidade sobre o ensino médio. O Ministério da Educação tem também responsabilidade pelo fechamento dessas escolas, até porque estamos falando de um espaço de Estado que é a expressão máxima de instituição responsável pela educação no país.
Não se tem, por exemplo, critérios claros que determine o fechamento de escolas, que explicitem os motivos pelos quais se fecham, ou em que medida se pode ou não fechar uma escola no campo.
A escola em um determinado município faz parte de uma rede maior que são as escolas públicas brasileiras. É nessa visão de país que temos que pensar. É preciso garantir que a população do campo tenha acesso ao conhecimento elaborado e que este acesso seja possível no território em que eles vivem.
De qual maneira a luta pela Reforma Agrária se alinha com a luta pela educação?
Quando falamos de luta pela Reforma Agrária, estamos nos referindo a uma luta pela conquista de direitos como o da terra e as condições necessárias para trabalhar e viver, como o direito à educação. Com isso, vinculamos permanentemente à questão do processo educacional à Reforma Agrária, pois pensar um projeto de campo e de país, fundamentalmente, passa também por pensar um projeto de educação.
A história do nosso movimento demonstra que é necessário fazer a luta pela terra paralelamente à luta por outros direitos, como educação, cultura, comunicação. Viver no campo é exigir cada vez mais conhecimento – saber elaborado – para poder viver bem e melhor, cuidando da terra e da natureza e cultivando alimentos saudáveis para toda a sociedade brasileira.
Quais são as propostas do MST para a educação do campo?
Primeiro, que o direito à educação deixe de ser apenas um direito formal, que seja direito real das pessoas que vivem no campo, no sentido de terem em seus territórios acesso à educação e à escola tão necessária e importante como para os que vivem na cidade.
O acesso ao conhecimento não deve ser moeda de troca, em que os que necessitam tenham que comprar, algo tão fortemente presenciado na educação privada. Que possamos seguir lutando para que nenhuma outra escola seja fechada no campo ou na cidade. Temos que seguir lutando cada vez mais para garantir na realidade questões como a ampliação e construção de mais escolas no campo; com acesso a toda educação básica e suas modalidades de ensino; acesso à ciência e à tecnologia, vinculados aos processos de produção da vida social no campo e seus diversos territórios camponeses, de pequenos agricultores.
Além disso, lutamos para assegurar a formação inicial e continuada dos educadores nas diversas áreas do conhecimento para atuação na educação básica, uma vez que são mais de 200 mil educadores no campo sem formação superior; garantir educação profissional técnica de nível e superior; e que se efetive uma política pública com a participação efetiva das comunidades camponesas, dos movimentos sociais do campo.
Qual a importância de que essas escolas sejam voltadas para o campo? Ou seja, que sejam escolas do campo?
Estamos falando de um princípio básico que é da produção da existência dos sujeitos do campo. Os camponeses, os trabalhadores rurais, produzem resistência nesse espaço, nesse território. Portanto, o processo educacional que defendemos é que, além de acessar uma base comum do ponto de vista do conhecimento, precisamos que as escolas que estejam situadas no campo possam incorporar dimensões importantes da vida dos camponeses. Da dimensão do trabalho, da cultura e, fundamentalmente, da dimensão da luta social - algo que é constante no campo brasileiro. Nas últimas décadas, vivemos com o avanço do agronegócio, do capital no campo, que tem se intensificado cada vez mais e tem expulsado os trabalhadores e trabalhadores que ali vivem. Há uma resistência no campo, são os trabalhadores, as comunidades camponesas lutando contra esse modelo. E a escola, de certa maneira, precisa incorporar na organização de seu trabalho pedagógico essas tensões e contradições que constituem a realidade no campo brasileiro.
(Foto: Nina Fideles

sexta-feira, 27 de maio de 2011

#ForaMicarla

Estudantes param Natal e pedem saída da Prefeita Micarla

Numa das maiores manifestações de rua já vistas em Natal, cerca de duas mil pessoas, principalmente jovens, universitários e estudantes de escolas públicas e privadas, ocuparam o cruzamento das Avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, em frente ao Shopping Midway Mall, na noite desta quarta-feira (25), para pedir a saída da prefeita Micarla de Sousa (PV) e da governadora Rosalba Ciarlini (DEM).

O protesto teve início às 18h e só começou a se dispersar perto das 20h, quando a chuva começou a cair. De acordo com manifestantes, o movimento é "descentralizado" e foi convocado através das redes sociais Twitter e Facebook.

O jovem Marcos Aurélio comparou a manifestação em Natal com os protestos em curso na Espanha, onde milhares de pessoas se tomaram as ruas de Madri e outras cidades espanholas para reivindicar pela "democracia real". "É a revolução das redes sociais", disse entusiasmado.

Bruno Costa, integrante da Juventude do PT, disse que os estudantes iniciaram uma onda de protestos desde o aumento da passagem urbana para R$ 2,20. "Mas depois vimos que o problema não era só o transporte, mas era generalizado. Como não se discute saídas negociadas, o jeito é vir para as ruas protestar", explicou.


Apesar de militante petista, Bruno afirmou que o movimento é "apartidário" e "auto-gestionado". "A manifestação foi convocada pela internet e não é iniciativa de nenhum partido político".

Além da juventude petista, militantes do PCdoB, PSB e até do DEM participaram do protesto, mas a maioria dos presentes era formada por jovens sem nenhuma ligação partidária.

Com nariz de palhaço e uma placa com as frases "Fora Micarla", "#RioGrevedoNorte" e "Buracos de Natal", Alice Lemos, 21 anos, estudante do curso de Ecologia da UFRN, disse que resolveu participar da manifestação por considerar "insuportável a falta de rumo" da administração da prefeita Micarla de Sousa.
Foto: César Augusto
"Micarla prometeu muita coisa, mas fez tudo ao contrário. A situação nas escolas está uma vergonha", desabafou.

"Micarla prometeu muita coisa, mas fez tudo ao contrário. A situação nas escolas está uma vergonha", desabafou.

O tom de crítica foi o mesmo do estudante Felipe Marinho, 23 anos, aluno do curso de Publicidade da UFRN. "A cidade está um caos, em péssimas condições em todas as áreas. Transporte, saúde e educação simplesmente não funcionam".

O taxista Reginaldo Firmino, 48 anos, vestiu-se de Papai Noel para chamar a atenção de quem passava pelo local. Ele disse que o povo de natal estava se sentindo "humilhado" pela situação em que a cidade se encontra. "O povo está sofrendo com o abandono da cidade", queixou-se.

Apesar de haver manifestações contra a governadora Rosalba Ciarlini, os principais gritos de guerra que ecoaram entre os jovens eram mesmo direcionados à prefeita Micarla de Sousa.

Faixas e cartazes com "Fora Micarla", "O povo está na rua, Micarla a culpa é sua" e "Micarla, a pior prefeita do Brasil" foram estendidas nos cruzamento das duas avenidas. Os jovens usaram nariz de palhaço, buzinas, apitos, megafones e chegaram a queimar pneus para expressarem sua revolta.
Foto: César Augusto
Faixas e cartazes foram usadas na manifestação.

Houve princípio de tumulto e discussão entre manifestantes e alguns motoristas incomodados com a interdição do trânsito. A Polícia Militar observava tudo à distância, chegando a intervir algumas vezes para evitar maiores problemas.

Alguns motociclistas tentaram avançar contra os manifestantes. Motoristas saíram dos carros para enfrentar os jovens, mas a discussão foi contida rapidamente. Um dos momentos mais tensos foi quando duas ambulâncias tiveram dificuldade para passar pelo protesto.

Passageiros de ônibus e alternativos que passavam pelo lugar se dividiram entre o apoio e a rejeição ao movimento. Os que reclamavam insultavam os jovens com gritos de "vagabundos" e "arruaceiros". Outros aplaudiam e faziam gestos em sinal de aprovação.
Foto: César Augusto
Passageiros de ônibus e alternativos que passavam pelo lugar se dividiram entre o apoio e a rejeição ao movimento.

A vereadora Sargento Mary Regina (PDT), única representante da Câmara Municipal presente ao protesto, disse considerar a manifestação "legítima" e afirmou que essa era apenas "o início da ação popular".

"A ação popular está só no início e vai tomar cada vez mais forma e corpo para pedir o impeachment de Micarla. A população tem que se unir, se não perderemos nossa cidade", declarou.

O ex-vereador Hugo Manso (PT) disse que a manifestação representava a "absoluta ruptura entre o povo e a gestão municipal". "Não há a menor sintonia. Esse movimento é espontâneo, em defesa principalmente da saúde e da educação. Não há líderes dirigindo isso aqui. Estou aqui como cidadão", completou.

Às 19h30, os manifestantes liberaram uma faixa da Avenida Bernardo Vieira. Depois, sentaram-se na outra faixa da pista, no cruzamento com a Avenida Salgado Filho, para evitar que outros carros furassem o bloqueio.

Quando começou a chover, perto das 20h, os jovens seguiram em caminhada pela Avenida Salgado Filho, no sentido Centro - Zona Sul. Pararam no cruzamento com a Avenida Antônio Basílio, descendo em seguida para a Avenida Prudente de Morais, onde se concentraram em frente ao Hiper Bom Preço.

Um dos mais manifestantes mais entusiasmados, o advogado Dayvson Moura disse que "Micarla conseguiu o milagre de unir militantes de diversos partidos de direita e de esquerda".

"O próximo ato será em frente à Câmara Municipal. Vamos pressionar até que algum vereador dê entrada ao pedido de impeachment contra a prefeita Micarla de Sousa", contou.

Mas enquanto os vereadores não tomam a iniciativa, durante a manifestação foram colhidas assinaturas para dar entrada a uma ação popular na Câmara Municipal pedindo a saída de Micarla de Sousa da Prefeitura de Natal.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Unegro lamenta morte do “mestre” Abdias do Nascimento

NOTA DE FALECIMENTO DE ABDIAS NASCIMENTO
Rio de Janeiro, 24/05/2011 

A União de Negros Pela Igualdade - UNEGRO manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento do incansável militante do movimento negro ABDIAS NASCIMENTO. Dedicou sua vida no combate ao racismo, com seriedade, coragem e retidão. 

Abdias do Nascimento dá início à nova abordagem na trajetória de luta da população negra brasileira, incorporando a denúncia do mito da democracia racial, dando importância à solidariedade internacional entre os negros da diáspora e do continente mãe, resgatando e valorizando a contribuição civilizatória de matriz africana na construção da nação brasileira, até então sufocada pelos resquícios do racismo científico. 

Consideramos que o mestre Abdias do Nascimento está entre os maiores brasileiros de nossa história. Incansável e abnegado lutador, merecedor da reverência de todo povo brasileiro. Hoje está junto aos nossos ancestrais nos orientando na luta e na vitória.


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=8&id_noticia=154908

quarta-feira, 18 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

Descaso na Educação do Campo em Currais Novos

Que a Educação do Campo historicamente foi renegada ao esquecimento e que a sociedade brasileira tem uma dívida gigantesca para com essa modalidade de ensino, isso é sabido por todos aqueles que têm um mínimo de preocupação com a educação com um todo. Agora ver que mesmo após da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei nº 9.394/96) e das Diretrizes Operacionais para Escolas do Campo de 2004, ainda vemos situações de descaso extremo e que a solução de tal descaso está a nível local, isso é lamentável.

A LDB de 1996 garante o reconhecimento da educação do campo como modalidade de ensino reconhece as identidades dos sujeitos e foca a flexibilização do seu currículo, além disso obriga os gestores a garantirem educação do campo do campo "no" campo. Além disso redimeciona o conceito de educação rural, passando a Educação do Campo, como pra além de agricultores. Já as Diretrizes Operacionais para Escolas do Campo vêm me 2004 reafirmar a importância da identidade dos sujeitos e do respeito às suas tradições, assim como o reconhecimento de termo Campo como complexo e dinâmico e não somente como de produção de alimentos como era visto até então.

Pois bem, podemos observar que obtivemos avanços importantes nos últimos anos, ainda assim nos deparamos com a situação como a que mostraremos a baixo, retirada da reportagem do Blog do Marcos Dantas acerca da precária situação em que se encontra as escolas da zona rural de Currais Novos denunciada pelo Veriador Odon Jr do PT.

"Professoras da zona rural de Currais Novos estão se desdobrando como pode. Além de darem as aulas aos alunos, são elas quem fazem a merenda escolar, distribuem a merenda, varrem as escolas e além disso tem que responder como diretora", disse o vereador. Odon Júnior confirmou que a situação é mais crítica em comunidades como São Sebastião, Fazenda Bonifácio, Malhada da Areia, Maxinaré, Jurupayti, dentre outras.

Em uma delas o vereador se deparou com uma cena que lhe deixou comovido. "Encontrei uma criança paraplégica assistindo aula em cima de um colchão no meio da sala aula. Ela não traz sua cadeira de roda no transporte escola, pois tem medo de quebrar e ficar sem a cadeira em casa. Também visitei uma escola que há mais de um ano está sem energia elétrica, já que a COSERN não foi consertar o problema", denunciou Odon.

Sem dúvida cabe no mínimo uma investigação por parte do Ministério Público no sentido de entender tamanha irresponsabilidade por parte dos gestores daquela cidade.



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Criação do Fórum em Defesa da Educação do RN

Apois uma semana de debates sobre o novo Plano Nacional da Educação (PNE) nesta sexta feira foi criado o Fórum em Defesa da Educação do RN. Na oportunidade tivemos falas de acerca do Projeto de Lei 8.035/2010. Ao lado da Deputada Fátima Bezerra (PT), Fernando Mineiro (PT) Alda Maria Duarte do Centro de Educação da UFRN e muitos outros defensores da educação participamos da solenidade de criação do Fórum e aproveitamos a oportunidade de reafirmarmos a necessidade de uma discussão ampla com todas as entidades organizadas do nosso estado para garantir no sentido de garantir 10% do PIB para a educação, além de lembrarmos a necessidade de políticas públicas reis para a educação brasileira.

O Fórum (um pouco do blog de Odon PT)

Órgão consultivo, o Fórum será constituído pelos vários segmentos da sociedade civil organizada. O objetivo é servir de espaço para acompanhamento da gestão de políticas públicas educacionais e de defesa da promoção e da qualidade social da Educação, por meio de reuniões ordinárias, debates e seminários.
Dentre as inúmeras tarefas do Fórum Estadual, as entidades representativas destacam duas, consideradas mais relevantes no momento atual para a Educação potiguar: acompanhar os trâmites para a aprovação do PNE, divulgando seus objetivos e metas e contribuição com a elaboração e acompanhamento da execução do Plano Estadual de Educação do RN, promovendo estudos, debates e ações em torno de suas propostas.
A criação do Fórum Estadual é recomendação do MEC, através da Portaria nº 1407, de 14 de dezembro de 2010, a mesma que instituiu o Fórum Nacional em Defesa da Educação.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Apesar da repressão, Marcha da Maconha cresce e ganha adeptos

Em diversas cidades, protestos em favor da descriminalização e regulamentação da produção, comércio e consumo da erva

Militantes da Marcha da Maconha realizam, em diversas cidades do Brasil, protestos em favor da descriminalização e regulamentação da produção, comércio e consumo da erva.

Segundo Marco Magri, integrante do Coletivo Marcha da Maconha de São Paulo, o movimento registra um aumento do número de cidades participantes e de manifestantes. No ano passado os atos foram realizados em 12 cidades; neste ano são 19. "É uma manifestação pública de pessoas descontentes com a lei. Pedimos que haja uma política pública de fato, e não como existe hoje", afirma.

Algumas marchas já foram realizadas no último final de semana, acompanhadas por prisões e repressão. No Rio de Janeiro, a Marcha da Maconha ocorreu no sábado (07) e contou, segundo os organizadores, com cerca de cinco mil pessoas, que saíram do Leblon até o Arpoador, em Ipanema. No dia 22 de abril, quatro militantes do movimento haviam sido presos enquanto faziam uma panfletagem sobre a marcha na capital Fluminense.

Também no sábado (07), em Belo Horizonte, cinco pessoas foram detidas durante a Marcha da Maconha. A juiza Beatriz Junqueira Guimaraes, do Juizado Especial Criminal, proibiu a realização do evento considerando o ato como apologia ao uso de drogas. Mesmo assim, os manifestantes realizaram uma caminhada pelas principais ruas da capital mineira.

No mesmo dia, em São Paulo, três ativistas foram presos pela Polícia Militar no momento em que pintavam cartazes e panfletavam na Avenida Paulista. Todos os materiais, cartazes e panfletos foram apreendidos e levados à delegacia para averiguação, assim como os três militantes que, depois de três horas, foram liberados sem serem autuados. A marcha na capital paulista está marcada para o dia 21 deste mês.

No Espírito Santo, o Ministério Público Estadual tentou impedir a realização da marcha. O procurador-geral de Justiça, Fernando Zardini Antonio, alegou que a manifestação poderia incentivar o uso da maconha e de outras drogas ilícitas. O pedido do MPE, no entanto, foi rejeitado pela Justiça capixaba, e a marcha foi realizada no sábado (07).

http://www.brasildefato.com.br/node/6256


segunda-feira, 9 de maio de 2011

FÓRUM ESTADUAL DE EDUCAÇÃO SERÁ LANÇADO NA UFRN

Na sexta-feira,13, será lançado o Fórum Estadual de Educação, em defesa da escola pública do RN, às 9h, no Auditório da Escola de Música da UFRN. João Marques, assessor do Mandato do deputado Fernando Mineiro está acompanhando a composição do Fórum e participa do evento.


Na ocasião, será discutido o PNE (2011-2020) em uma mesa composta pela professora Deputada Federal Fátima Bezerra, presidente da Comissão de Educação do Congresso Nacional, professor Francisco Chagas, Secretário Adjunto do MEC e Presidente do Fórum Nacional de Educação, e pela professora Alda Maria Duarte Araújo Castro, do Grupo de Pesquisa Políticas e Gestão da Educação, do Departamento de Educação da UFRN.


O Fórum é um órgão consultivo, constituído pelos vários segmentos da sociedade civil organizada. Com o objetivo servir de espaço para acompanhamento de gestão de políticas públicas educacionais e de defesa da promoção e da qualidade social da Educação, o Fórum funciona por meio de reuniões ordinárias, debates e seminários.

FONTE:

http://mineiropt.com.br/noticias/forum-estadual-de-educacao-sera-lancado-na-ufrn/

domingo, 8 de maio de 2011

Para onde vai nosso Estado?

Partimos da indagação de; Para onde vai nosso Estado? Alguns aspectos nos fizeram chegar a tal inquietação, a saber, a saúde não vai nada bem, os Hospitais regionais enfrentam grandes dificuldades, sendo a falta de estrutura adequada ao funcionamento e a privatização são os pontos principais dessa problemática.

Outra grande dificuldade que o Rio Grande do Norte enfrenta, diz respeito ao campo da Educação, escolas em péssimas condições de funcionamento e profissionais cada vez mais desrespeitados frente às suas reivindicações por melhores condições são fatores que tem engessado os avanços da categoria, além disso nos preocupa a velocidade em que está se dando as ofensivas contra a Educação do Campo, visto que fechar escolas da zona rural tem sido marca registrada desse início dessa administração.

Fulcro das nossas preocupações também tem sido ver em que pé anda segurança pública, a violência tem crescido significativamente nos últimos anos, esse aumento é mais significativo em cidades médias do interior do Estado, falta ao Governo um entendimento maior de violência, falta também entender que não basta encharcar as ruas de policias, não basta reprimir, precisa políticas de prevenção e estando a educação como já salientamos isso nos parece distante.

A repressão aos movimentos sociais tem sido outro agravante desse governo que ver as organizações sociais como grupos de "arruaceiros" e por isso admite práticas de repressão datadas de épocas ditatoriais, esquecem que os movimentos organizados foram os responsáveis pelas grandes conquistas desse País.

Enquanto isso a população carente do campo e da cidade continua a mercê dos subempregos, da desqualificação profissional e da ausência de políticas públicas destinada a real melhoria da população, consequencia óbvia desse processo é a violência e de miserabilidade em que se encontra nossa população. Para não parecer que estamos falando coisas subjetivas ou que são problemas "naturais" das sociedades humanistas, provamos que não! Isso é o resultado claro de grupos sociais, de diferentes concepções de projeto de sociedade e educação. Na verdade isso é fruto de um grupo que nunca teve como prioridade a melhoria da sociedade, não têm a menor pretensão de mudar o status quo social, não vêm alternativa ao modelo de produção capitalista, não reconhecem a agricultura familiar, nem a economia solidária, em fim, têm como único objetivo a manutenção da "ordem natural das coisas" pois são esses que sempre se beneficiaram com a miséria da grande maioria.

Finalmente para terminar essas meras reflexões gostariamos de salientar que os 100 primeiros dias do novo Governo arrecadou mais de 2 bilhões de reais em impostos. Não deviamos está preocupado com o futuro do RN, deviamos está esperançosos e crentes no progresso sustentável da nossa população, mas infelizmente a preocupação se faz necessária... Para os administradores "a medalha está no topo da montanha de cadáver, pois não é só vampiro que vive de sangue no cálice".

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A pressão do agronegócio sobre o Código Florestal

De um lado, estão os interesses do agronegócio; do outro lado, está a agricultura camponesas e familiar e a reforma agrária


O agronegócio, com a sustentação das empresas transnacionais da agricultura e a força da bancada ruralista no Congresso, tendo como

porta-voz um parlamentar com origem na esquerda, puxa a corda e coloca todas as suas forças para passar com o rolo compressor sobre o Código Florestal.

A lei é considerada pelo grande capital um entrave para a expansão desenfreada do agronegócio, uma vez que tem dispositivos fundamentais para a preservação do ambiente, como a Reserva Legal (RL) e as Áreas de Preservação Permanente (APPs). Essa discussão se arrasta faz mais de dois anos e demonstra a disputa entre dois modelos agrícolas: o agronegócio e a agricultura camponesa e familiar.

Setores organizados da sociedade reagiram e se colocaram contra o relatório de Aldo Rebelo (PCdoB). Cientistas e pesquisadores, a Igreja Católica, as organizações não governamentais e setores do empresariado se uniram ao movimento camponês e às entidades ambientalistas para fazer oposição às mudanças no Código Florestal.

Esses setores forçaram um posicionamento mais firme do governo e impuseram um recuo ao agronegócio. Nesta semana, Aldo Rebelo apresentou uma nova versão do relatório, sem os pontos mais problemáticos, mas não atende às necessidades da agricultura camponesa e familiar e beneficia o agronegócio, especialmente o ramo de papel e celulose.

Os setores que se colocam contra o relatório de Aldo conseguiram garantir a manutenção das porcentagens referentes à RL e às APPs, além

de derrotar a proposta de anistia geral aos desmatadores. A preservação desses pontos representa uma derrota do projeto estratégico do agronegócio. No entanto, a maior parte das propostas populares ficou de fora, como a criação de um programa consistente de recuperação ambiental, pagamento de serviços ambientais e de fomento à produção sustentável agroflorestal. O quadro aponta a inexistência de consenso em torno de alterações do Código Florestal. O governo federal vetou o projeto original de Aldo Rebelo e pediu um novo texto com propostas de mudanças. Ele apresentou uma nova proposta, que não foi aceita pelo governo. O projeto entra nesta semana na pauta de votação do plenário da Câmara dos Deputados.

A última versão do relatório de Aldo Rebelo dispensa de Reserva Legal as propriedades com até quatro módulos fiscais (que vai de 20 hectares no Sul e chega a 400 hectares na Amazônia). Isso vai prejudicar os camponeses a longo prazo, pois terão suas propriedades comprometidas pela erosão, escassez de água, perda da fertilidade. Além disso, todas as áreas médias e grandes terão como “bônus” quatro módulos fiscais sem necessidade de RL, porque a porcentagem do cálculo será contada a partir dessa área.

Não podemos aceitar que a RL seja recuperada em até 50% com espécies exóticas nem que o agronegócio tenha a possibilidade de recompor somente metade das APPs com até 10 metros de largura em beira de rios, encostas, topos de morros e bordas de chapadas por eucalipto e pelos. A autorização para recompor a Reserva Legal em qualquer parte do bioma terá impactos negativos para a sociedade, como a expulsão de agricultores, que serão pressionados a vender suas terras, além de latifúndios improdutivos que poderão ser considerados como áreas em recomposição florestal.

Um conjunto de benefícios foi criado para os latifundiários desmatadores que fizerem o cadastro ambiental, que poderão receber crédito com mais facilidade e juros menores. Além disso, terão prioridade em programas governamentais e poderão deduzir do imposto de renda os investimentos em recuperação. O relatório ignora a existência de uma disputa entre dois modelos agrícolas no país. Com isso, trata o grande capital do agronegócio, que produz em escala para exportação, da mesma forma que um assentado da reforma agrária, que planta 70% dos alimentos da cesta básica do povo brasileiro.

De um lado, estão os interesses do agronegócio, que representa a aliança dos latifundiários capitalistas com empresas transnacionais e o capital financeiro. O chamado modelo de produção agroexportador se sustenta no latifúndio, produção de monoculturas valorizadas no mercado internacional, mecanização intensiva e consumo exagerado de agrotóxicos.

Do outro lado, está a agricultura camponesas e familiar e a reforma agrária, que defendem uma proposta para o campo com base em pequenas propriedades, com produção diversificada de alimentos para o povo brasileiro, sem a utilização de agrotóxicos, com geração de empregos para a população do campo, com a construção de cooperativas e de agroindústrias.

O debate em torno do Código Florestal está no marco da discussão sobre o modelo agrícola e o tipo de desenvolvimento que queremos para o nosso país. O povo brasileiro tem que fazer uma grande discussão: se quer um modelo de exploração violenta dos nossos recursos naturais, no ritmo do curto prazo imposto pelo capital, ou um modelo que coloque a utilização das nossas riquezas naturais a serviço de projeto de mudanças estruturais para resolver os problemas do povo brasileiro.

Depois da votação na Câmara, o projeto vai para o Senado Federal. Por isso, precisamos fazer um esforço para que essa discussão ultrapasse as paredes do Congresso Nacional, envolvendo movimentos urbanos, sindicatos, entidades estudantis, para construir força social para fazer com que as mudanças no Código Florestal garantam a preservação do ambiente e fortaleçam a agricultura camponesa e familiar.

fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/6207

Proposta de Código Florestal provoca corrida ao desmatamento

O novo Código Florestal tornou-se polêmico por propor um corte na proteção ambiental do país. Anistia para quem cometeu infrações ambientais, isenção de pequenas propriedades de refazerem as reservas desmatadas, redução da faixa mínima de mata ciliar que deve ser preservada à beira de cursos d’água, estão entre as medidas. Proíbe novos desmatamentos por um prazo de cinco anos, algo difícil de cumprir uma vez que a política do fato consumado (tipo: “desmataê, que depois a gente muda a lei e perdoa tudo”) já mostrou que é o forte por aqui.

O Palácio do Planalto não concorda integralmente com a proposta do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) e pressiona por mudanças. Do outro lado, a bancada ruralista e organizações de produtores rurais agem pela sua aprovação. Ele já acenou que acatará sugestões defendidas por governo e ambientalistas (por exemplo, a manutenção das áreas de preservação permanente nas margens dos rios). O problema é quais outras serão aceitas ou que emendas serão agregadas de última hora ao texto. Tempo de negociação é curto uma vez que os parlamentares colocaram a pauta em regime de urgência. Quem tem o pé no chão sabe que as alterações causarão impactos severos. Mas é interessante notar que, antes mesmo de serem votadas, já estão criando problemas.

Trago um texto produzido por Laurent Micol, Ricardo Abad e Sérgio Guimarães, do ICV, entidade com atuação no Mato Grosso – Estado ponta de lança da expansão do agronegócio nacional – que traz elementos mostrando isso:

Proposta de alteração do Código Florestal provoca corrida ao desmatamento em Mato Grosso

Nas últimas semanas acumularam-se provas de que está ocorrendo uma forte retomada do desmatamento no Estado de Mato Grosso. Dados do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), do Imazon, já indicavam uma tendência de alta de 22% do desmatamento e de 225% na degradação florestal entre agosto/2010 e março/2011, com relação ao mesmo período do ano anterior. No mês de abril, operações de fiscalização realizadas pelo Ibama e divulgadas na mídia local e nacional revelaram o reaparecimento de casos de megadesmatamentos (desmatamentos acima de 1.000 hectares), que haviam praticamente desaparecido em Mato Grosso nos últimos três anos. O ICV mapeou o desmatamento recente em três municípios do centro-norte do estado, confirmando a tendência.
Nos meses de agosto/2010 a abril/2011, identificamos 66 novos desmatamentos no município de Nova Ubiratã, totalizando cerca de 37 mil hectares.

No mesmo período, no município de Santa Carmem foram 24 novos desmatamentos totalizando 9 mil hectares e, no município de Cláudia, 22 novos desmatamentos totalizando também 9 mil hectares. No período de agosto/2009 a julho/2010, o desmatamento nesses municípios havia sido de 2.300, 1.200 e 700 hectares, respectivamente. O aumento nesses três municípios, somente até o mês de abril, já foi de mais de 1.200%.

Até o momento, a maior parte dos grandes desmatamentos detectados foi na região centro-norte do estado, que é a primeira a ter abertura da cobertura de nuvens. Nessa região predomina o plantio de grãos em grande escala. No entanto, com o final da estação chuvosa, podem aparecer grandes desmatamentos também nas regiões norte e noroeste. Com base nessas informações, alertamos que a taxa de desmatamento no estado de Mato Grosso, que havia caído abaixo de 100 mil hectares em 2010, pode voltar nesse ano aos níveis do período de pico, de 2001 a 2005, quando a média foi de 900 mil hectares por ano.

Segundo informações de campo, o que está acontecendo é uma corrida para desmatar grandes áreas o quanto antes, visando aproveitar-se da anistia do desmatamento ilegal prometida pela proposta de alteração do Código Florestal. Essas ações estão sendo realizadas à revelia da lei em vigor, com a expectativa de impunidade, mesmo sabendo que certamente haverá fiscalização do órgão ambiental. Como demonstrado por várias análises, nas autuações por desmatamento ilegal, apenas um percentual ínfimo das multas são pagas.

Essa retomada dos desmatamentos em Mato Grosso baseada na aposta da alteração do Código Florestal também ecoa a atuação do próprio governador do Estado, Silval Barbosa, que, em 20 de abril do corrente ano, sancionou uma lei do zoneamento estadual que prevê a possibilidade de regularização ambiental para áreas desmatadas até a data de sua publicação e, ainda, pretende isentar de reserva legal propriedades abaixo de 400 hectares, em franca contradição com a legislação federal.

Essa situação pode gerar consequências dramáticas não somente em termos ambientais, mas também políticos e possivelmente econômicos para Mato Grosso e para o Brasil. Mato Grosso vinha sendo responsável por mais de 60% da redução do desmatamento na Amazônia desde 2005, fator primordial para o cumprimento das metas de redução das emissões de gases de efeito estufa contidas na Política Nacional de Mudanças Climáticas. Nesse contexto, a retomada do desmatamento constitui um retrocesso inaceitável e uma demonstração concreta de que a proposta de alteração do Código Florestal atualmente em tramitação no Congresso Nacional é extremamente nefasta, assim como foi a sanção da lei do zoneamento de Mato Grosso. É fundamental que o governo federal atue com a máxima urgência, tomando as atitudes necessárias, inclusive junto ao Congresso Nacional, para reverter essa situação e assim evitar maiores prejuízos à natureza e à sociedade brasileira.

fonte: http://www.mst.org.br/node/11696