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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Estudantes param Natal e pedem saída da Prefeita Micarla

Numa das maiores manifestações de rua já vistas em Natal, cerca de duas mil pessoas, principalmente jovens, universitários e estudantes de escolas públicas e privadas, ocuparam o cruzamento das Avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, em frente ao Shopping Midway Mall, na noite desta quarta-feira (25), para pedir a saída da prefeita Micarla de Sousa (PV) e da governadora Rosalba Ciarlini (DEM).

O protesto teve início às 18h e só começou a se dispersar perto das 20h, quando a chuva começou a cair. De acordo com manifestantes, o movimento é "descentralizado" e foi convocado através das redes sociais Twitter e Facebook.

O jovem Marcos Aurélio comparou a manifestação em Natal com os protestos em curso na Espanha, onde milhares de pessoas se tomaram as ruas de Madri e outras cidades espanholas para reivindicar pela "democracia real". "É a revolução das redes sociais", disse entusiasmado.

Bruno Costa, integrante da Juventude do PT, disse que os estudantes iniciaram uma onda de protestos desde o aumento da passagem urbana para R$ 2,20. "Mas depois vimos que o problema não era só o transporte, mas era generalizado. Como não se discute saídas negociadas, o jeito é vir para as ruas protestar", explicou.


Apesar de militante petista, Bruno afirmou que o movimento é "apartidário" e "auto-gestionado". "A manifestação foi convocada pela internet e não é iniciativa de nenhum partido político".

Além da juventude petista, militantes do PCdoB, PSB e até do DEM participaram do protesto, mas a maioria dos presentes era formada por jovens sem nenhuma ligação partidária.

Com nariz de palhaço e uma placa com as frases "Fora Micarla", "#RioGrevedoNorte" e "Buracos de Natal", Alice Lemos, 21 anos, estudante do curso de Ecologia da UFRN, disse que resolveu participar da manifestação por considerar "insuportável a falta de rumo" da administração da prefeita Micarla de Sousa.
Foto: César Augusto
"Micarla prometeu muita coisa, mas fez tudo ao contrário. A situação nas escolas está uma vergonha", desabafou.

"Micarla prometeu muita coisa, mas fez tudo ao contrário. A situação nas escolas está uma vergonha", desabafou.

O tom de crítica foi o mesmo do estudante Felipe Marinho, 23 anos, aluno do curso de Publicidade da UFRN. "A cidade está um caos, em péssimas condições em todas as áreas. Transporte, saúde e educação simplesmente não funcionam".

O taxista Reginaldo Firmino, 48 anos, vestiu-se de Papai Noel para chamar a atenção de quem passava pelo local. Ele disse que o povo de natal estava se sentindo "humilhado" pela situação em que a cidade se encontra. "O povo está sofrendo com o abandono da cidade", queixou-se.

Apesar de haver manifestações contra a governadora Rosalba Ciarlini, os principais gritos de guerra que ecoaram entre os jovens eram mesmo direcionados à prefeita Micarla de Sousa.

Faixas e cartazes com "Fora Micarla", "O povo está na rua, Micarla a culpa é sua" e "Micarla, a pior prefeita do Brasil" foram estendidas nos cruzamento das duas avenidas. Os jovens usaram nariz de palhaço, buzinas, apitos, megafones e chegaram a queimar pneus para expressarem sua revolta.
Foto: César Augusto
Faixas e cartazes foram usadas na manifestação.

Houve princípio de tumulto e discussão entre manifestantes e alguns motoristas incomodados com a interdição do trânsito. A Polícia Militar observava tudo à distância, chegando a intervir algumas vezes para evitar maiores problemas.

Alguns motociclistas tentaram avançar contra os manifestantes. Motoristas saíram dos carros para enfrentar os jovens, mas a discussão foi contida rapidamente. Um dos momentos mais tensos foi quando duas ambulâncias tiveram dificuldade para passar pelo protesto.

Passageiros de ônibus e alternativos que passavam pelo lugar se dividiram entre o apoio e a rejeição ao movimento. Os que reclamavam insultavam os jovens com gritos de "vagabundos" e "arruaceiros". Outros aplaudiam e faziam gestos em sinal de aprovação.
Foto: César Augusto
Passageiros de ônibus e alternativos que passavam pelo lugar se dividiram entre o apoio e a rejeição ao movimento.

A vereadora Sargento Mary Regina (PDT), única representante da Câmara Municipal presente ao protesto, disse considerar a manifestação "legítima" e afirmou que essa era apenas "o início da ação popular".

"A ação popular está só no início e vai tomar cada vez mais forma e corpo para pedir o impeachment de Micarla. A população tem que se unir, se não perderemos nossa cidade", declarou.

O ex-vereador Hugo Manso (PT) disse que a manifestação representava a "absoluta ruptura entre o povo e a gestão municipal". "Não há a menor sintonia. Esse movimento é espontâneo, em defesa principalmente da saúde e da educação. Não há líderes dirigindo isso aqui. Estou aqui como cidadão", completou.

Às 19h30, os manifestantes liberaram uma faixa da Avenida Bernardo Vieira. Depois, sentaram-se na outra faixa da pista, no cruzamento com a Avenida Salgado Filho, para evitar que outros carros furassem o bloqueio.

Quando começou a chover, perto das 20h, os jovens seguiram em caminhada pela Avenida Salgado Filho, no sentido Centro - Zona Sul. Pararam no cruzamento com a Avenida Antônio Basílio, descendo em seguida para a Avenida Prudente de Morais, onde se concentraram em frente ao Hiper Bom Preço.

Um dos mais manifestantes mais entusiasmados, o advogado Dayvson Moura disse que "Micarla conseguiu o milagre de unir militantes de diversos partidos de direita e de esquerda".

"O próximo ato será em frente à Câmara Municipal. Vamos pressionar até que algum vereador dê entrada ao pedido de impeachment contra a prefeita Micarla de Sousa", contou.

Mas enquanto os vereadores não tomam a iniciativa, durante a manifestação foram colhidas assinaturas para dar entrada a uma ação popular na Câmara Municipal pedindo a saída de Micarla de Sousa da Prefeitura de Natal.

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